“…Entre as abordagens contemporâneas da temática família e parentesco, além do gênero, como já mencionado, analisado a partir do viés dos estudos feministas e das famílias homoafetivas e, mais recentemente, tendo em vista os conceitos de masculinidade e parentalidade (Nogueira, Miranda, 2017;Wall, Aboim, Cunha, 2010), os estudos têm se voltado para temas como a relação entre classe social e pertencimento familiar (Fonseca, 2005), impacto das tecnologias reprodutivas no entendimento de família (Carsten, 2014), família, identidades e individualização (Segalen, 2013;Rocha et al, 2001;Singly, 2007Singly, , 2000, bem como análises sobre dimensões materiais e não materiais do parentesco, tais como as substâncias corporais, sangue e outros fluidos, aspectos menos tangíveis, contudo, ao mesmo tempo, portadores de um peso simbólico muito significativo, tema que não é exatamente novo, mas revisitado e aprofundado nos últimos anos (Carsten, 2014). Amparando-se no conceito de "mutualidade do ser", elaborado por Marshall Sahlins, segundo o qual, em diversas sociedades e em diversos períodos históricos, os parentes participam da vida uns dos outros, o que constituiria uma espécie de compartilhamento da existência, Carsten reflete sobre "a matéria do parentesco", mais especificamente o sangue.…”