Resumo Comer, nadar, caminhar e brincar tratam da busca de evidências que alargam as relações que envolvem o corpo que come. Este estudo se fez através da prática do piquenique na Ilha de Santa Catarina, entre 1906 a 1918. O local de estudo é o Ginásio Santa Catarina, educandário jesuítico das elites catarinenses. Foi utilizado um amplo acervo documental. Do educandário: diários dos padres, relatórios oficiais do colégio, e fotografias do seu acervo, além de notícias em jornais de época e historiografias sobre o tema envolvendo lazer na cidade. Este é um trabalho historiográfico respaldado em autores da Antropologia, História e Filosofia, cujo objetivo foi promover o diálogo com o campo da Alimentação e Nutrição de modo interdisciplinar. Nesse sentido, entendemos possibilidades para ampliar a construção dos conhecimentos deste campo a partir de aportes teóricometodológicos das Ciências Humanas. Como resultado do estudo, discutimos que práticas alimentares podem tanto fomentar a construção de novas sensibilidades, como no caso do nascimento da prática do piquenique em Florianópolis no início do século XX, quanto potencialmente favorecer a experiência lúdica sob as formas das brincadeiras do corpo que come no ritual que envolve esforço físico. Podemos ainda inferir que há, na brincadeira que envolve corpo e comida, um processo criativo, sensorial e estético. Em suma, o comer participaria, para além dos teores de nutrientes, das relações de saber, de poder e ética nos modos de condução de si mesmo e dos outros.