Com o objetivo de refletir sobre as lutas políticas protagonizadas por indivíduos e grupos negros no pós-abolição, o presente artigo parte do ponto de vista de intelectuais reunidos na imprensa negra de Porto Alegre, mais exatamente durante a primeira fase do jornal O Exemplo (1892-1897). Seu programa voltava-se ao combate ao racismo e à ignorância e, além da garantia de uma escolarização formal de qualidade, pretendiam também “educar pel’O Exemplo”. Explorando o duplo sentido dessa expressão e as relações mantidas com o público, analisamos os sentidos atribuídos à instrução e à educação, com ênfase nas relações e expectativas de gênero no interior dessa coletividade. Assim, esperamos ainda oferecer reflexões sobre como as intersecções de raça e gênero concorreram para a construção de desigualdades sociais e agenciamentos políticos no pós-abolição.