et al. Relação entre estado nutricional da gestante, fumo durante a gravidez, crescimento fetal e no primeiro ano de vida. Rev.Saúde públ., S.Paulo, 20: 000-00, 1986. RESUMO: Estudou-se a relação entre estado nutricional e hábito de fumar maternos, peso do recém--nascido ao nascer e crescimento no primeiro ano de vida num grupo de 1.066 gestantes de baixo nível sócio-econômico. Os filhos de mulheres fumantes apresentaram pesos significativamente menores que os filhos de não-fumantes, quer fossem suas mães, normais ou obesas. Também foi possível verificar que filhos de mulheres desnutridas pesaram significativamente menos que filhos de mulheres normais e estes que os de obesas. O prejuízo no peso dos filhos de mulheres fumantes manteve-se apenas até os 3 meses de idade, ao passo que até os 9 meses os filhos de mulheres desnutridas pesaram significativamente menos que as demais crianças, mostrando que, mesmo em gestantes de baixa renda, o efeito do fumo sobre o crescimento se restringe ao ambiente intra-uterino. Já o efeito da desnutrição materna é mais duradouro nessa população. Verificou-se que houve uma associação negativa entre estado nutricional e hábito de fumar maternos, sugerindo que, ao menos em parte, o efeito do tabagismo materno sobre o concepto pode ser intermediado pelo estado nutricional.
UNITERMOS:
INTRODUÇÃOÉ tido como certo que a desnutrição materna prejudica o crescimento fetal, em peso e altura, contribui para aumentar as taxas de morbidade e mortalidade perinatais e, se houver suplementação alimentar durante a gravidez, estes efeitos são minimizados 8,27,28 .Alguns autores concluíram que fatores nutricionais imediatamente relacionados à gestação ou anteriores a ela têm grande importância na ocorrência de desnutrição intra-uterina 5,26,27 .Outras variáveis tais como; idade gestacional, paridade, idade materna, patologias presentes na gravidez, alterações placentárias, anomalias congê-nitas, peso pré-gestacional, ganho de peso materno, condições sócio-econômico-culturais, hábito de fumar, alcoolismo e uso de drogas podem influenciar, direta ou indiretamente, o crescimento intra--uterino e pós-natal 22 .Os efeitos prejudiciais do fumo sobre a gestação são conhecidos há bastante tempo.Em 1935, Campbell 4 observou que mulheres que fumavam excessivamente tinham bebês prejudicados pelo resultado do envenenamento crônico pela nicotina.A primeira contribuição de grande valor a esse respeito ocorreu em 1957, quando Simpson 39 na Califórnia, estudou a distribuição dos pesos de recém-nascidos filhos de mães fumantes e encontrou que estas crianças pesavam, em média, 200 g a menos do que crianças de mães não-fumantes.Desde então, vários estudos foram realizados associando o fumo com problemas tais como: diminuição do peso ao nascer, aumento da mortalidade infantil, maiores taxas de aborto espontâneo, prematuridade, morbidade, retardo no crescimento fetal, pré-eclâmpsia, anomalias placentárias e congêni-tas 3,11,17,18,20,24,46 .Embora diversos autores tenham relatado que mães fumantes são mais suscetíveis d...