No presente trabalho estudaremos as influências de tratamentos sobre o quadro clínico de pacientes com síndrome de Lennox-Gastaut e que apresentavam mais de um tipo de crise epiléptica, de incidência diária.Essa pesquisa foi desenvolvida no decorrer de levantamento efetuado no ambulatório de Neurologia quando nos propusemos estudar os resultados terapêuticos obtidos em pacientes com encefalopatias epilépticas graves. Fomos surprendidos ao verificar que, em alguns, a introdução ou elevação das dosagens de drogas anticomiciais provocava piora da síndrome epiléptica e, às vezes, surgimento de estado de mal crônico de ausência. Em outros, a retirada ou redução das dosagens de medicações era seguida por dimunição do número e/ou da intensidade das manifestações epilépticas. Observamos, ainda, falta de uniformidade nas respostas terapêuticas: melhora ou piora de determinada manifestação epilép-tica ocorria com o uso de um só medicamento. Tornou-se evidente, de imediato, que os esquemas terapêuticos antiepilépticos clássicos não podiam ser integralmente aplicados na síndrome de Lennox-Gastaut.Tendo verificado a insuficiência de dados na literatura sobre os efeitos da administração de drogas nos diversos tipos de epilepsia da síndrome de Lennox--Gastaut planejamos o presente trabalho com as finalidades de estudar as alterações produzidas, no quadro clínico, por determinadas medicações e estabelecer contudas terapêuticas nos vários tipos de crises epilépticas.
MATERIAL Ε MÉTODOSNossa casuística consta de 39 pacientes (Tabela 1) que apresentaram síndrome de Lennox-Gastaut antes dos 7 anos de idade e que foram selecionados entre 68 seguidos no Ambulatório de Neurologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. A caracterização da síndrome foi feita de acordo com os critérios clínicos e eletrencefalográficos ÍEEG) estabelecidos por Gastaut e col 9. A seleção dos pacientes foi baseada na capacidade dos pais ou responsáveis em adquirir e ministrar com regularidade as diversas medicações prescritas e observar o número e características das manifestações epilépticas. Insistiu-se sobre a necessidade de vigilância contínua, tendo sido excluídos os casos em que o poder de observação ou o interesse pela evolução do quadro não foi satisfatório