A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que apresenta sintomas motores e não motores. Classicamente, manifesta-se com bradicinesia, rigidez e tremores de repouso. A fadiga é um dos sintomas não motores mais debilitantes entre os pacientes com DP, com uma prevalência de 28% a 58%. Sua fisiopatologia e seus impactos na vida do paciente com DP, no entanto, não são ainda plenamente conhecidos. Por isso, o objetivo do presente trabalho é, através de um estudo prospectivo e comparativo, realizado no Centro de Neurociências do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, localizado em Goiânia, verificar a relação da DP e seus elementos semiológicos com a manifestação da fadiga . Para isso, foram selecionados pacientes do referido centro, variando de 20 a 70 anos, os quais foram divididos em dois grupos, o grupo com doença de Parkinson (GDP) e o sem a doença (GC). Os participantes passaram por avaliações envolvendo diversas escalas: uma avaliação neuropsiquiátrica, a qual incluiu o MMSE para medir seu estado cognitivo global; a HAMD (escala de Hamilton para avaliação da depressão) e o BDI (inventário de depressão de Beck) para avaliar os sintomas depressivos. A avaliação clínica dos pacientes incluiu a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS) e o estágio de Hoehn e Yahr (H&Y). Aplicou-se também a escala de Schwab e England (SE), para avaliação da gravidade motora da doença, bem como seu estágio evolutivo. A presença e a gravidade da fadiga, por sua vez, foram avaliadas com a Escala de Chalder (CFS) e a Escala de Gravidade da Fadiga (FSS), respectivamente. O estudo incluiu 77 sujeitos (40 GDP e 37 GC). Em relação à ESF, os dados não mostraram diferença significativa entre os grupos. Com relação à depressão, foi mais frequente no GDP, nos níveis moderado e grave (ρ = 0,007), para EH, e leve e grave (ρ = 0,016). Já a relação da fadiga com a idade mostrou-se mais presente entre os indivíduos entre 50 e 70 anos. Na relação entre fadiga e tempo de doença, 46,7% tiveram duração igual ou superior a 5 anos, pela ESF, e 50%, no mesmo tempo de doença, apresentaram fadiga extrema. Nas atividades de vida diária (AVD), segundo o SE, 5% dos participantes tiveram 60% de desempenho, 5% tiveram 70%, 65% tiveram 80% e 26% tiveram 90%. Conclui-se, assim, que a fadiga afeta significativamente os pacientes com DP e que ela se relaciona positivamente com sintomas depressivos e perda de capacidade funcional nas AVDs. Nota-se, também, que é mais frequente naqueles pacientes com maior tempo e gravidade da doença. Os dados encontrados no referido centro reproduzem, em escala menor, os dados indicados na literatura científica mais atual, ressaltando a necessidade de se implementarem ferramentas diagnósticas e abordagens terapêuticas combinadas, com foco na melhora na qualidade de vida. Mais estudos, no entanto, são necessários para caracterizar melhor essa realidade.