Estruturação e orientação da atenção primária à saúde em um município no extremo sul do Brasil

Abstract

Este estudo objetivou contextualizar a estrutura de organização e a orientação da Atenção Primária à Saúde (APS) de Pelotas, município do Rio Grande do Sul, bem como demonstrar e discutir a presença e a extensão dos atributos de orientação que qualificam a APS, por meio da aplicação do Instrumento Primary Care Assessment Tool (PCATool), avaliando a APS segundo o modelo de atenção (tradicional e Estratégia de Saúde da Família – ESF). Para tanto, realizou-se um estudo transversal, aplicando o PCATool aos 50 gestores das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município, no segundo semestre de 2015. Os resultados mostraram que o sistema de saúde de Pelotas está estruturado a partir de um modelo hierárquico baseado em níveis de complexidade crescente e que as UBS têm orientação em APS. No entanto, quando estratificadas por modelo de atenção, percebeu-se que somente as que trabalhavam com a ESF estavam orientadas. Conclui-se, assim, que o modelo de ESF traz melhorias à APS, demandando uma reestruturação interna das UBS e, consequentemente, das equipes de trabalho. Além disso, no que concerne ao PCATool, explicitam-se críticas quanto ao escore acesso, e à perda de algumas dimensões importantes qualitativas da organização e do serviço no que concerne à assistência prestada aos usuários. Por fim, destaca-se que ter orientação em APS não é garantia de qualidade assistencial praticada.

O papel da prevenção quaternária na humanização do cuidado e no combate a iatrogenia na Atenção Primária à Saúde / The role of quaternary prevention in thehumanization of careand in combatingiatrogenics in Primary Health Care

“…A APS, dentro de suas atribuições, tem como função principal dar resolutividade aos problemas de saúde e identificar as demandas populacionais, de modo a garantir a melhoria da qualidade de vida da população atendida. Ademais, a longitudinalidade, a coordenação, a orientação comunitária, a focalização da família e a interatividade com os indivíduos na comunidade oferecem uma aproximação e confiança que auxilia na continuidade do cuidado (RASIA et al, 2019).…”

Diabetes e hipertensão e a orientação familiar e comunitária como atributos da atenção primária à saúde

“…este atributo está entre os atributos de maior pontuação do Pcatool identificando em sua pesquisa um escore de 8,65.Abrantes et al (2020) em também evidencia o atributo orientação familiar com média do escore de 8,47.Corroborando a isto, paraPenso et al (2017) em estudo realizado com profissionais de saúde de nível superior e técnico, o atributo orientação familiar apresentou um escore de 7,67, acima da nota de corte. É observável, que as médias encontradas nesses outros estudos que são do Sul e Sudeste do Brasil foram superiores à identificada neste estudo, representando uma realidade do segmento das pessoas com DM e HAS pela enfermagem em uma parte da região Norte do país.No que se refere ao atributo de orientação comunitária, estudos realizados com profissionais e gestores da APS corroboram evidenciando que este atributo apresenta baixo grau de orientação para a APS (CHAZAN; DIAS-DA-COSTA, 2020;RASIA et al, 2020;MACEDO et al, 2019). Em estudo realizado com usuários e profissionais, o escore de orientação comunitária manteve-se baixo para os dois grupos(MACEDO et al, 2019).…”

“…Para Chazan e Dias da Costa (2020) o atributo orientação comunitária também apresentou baixo escore geral. De forma relacionada, em pesquisa realizada com gestores da APS, a orientação comunitária apresentou a menor média entre os atributos derivados, não atingindo grau de orientação para a APS(RASIA et al, 2020).Em comum aos estudos descritos, ainda que identificados baixo grau para o atributo de orientação comunitária, todos apresentam uma forte orientação para os atributos de orientação familiar. Mais especificamente em relação a diabetes e hipertensão, um estudo realizado com pessoas com DM e HAS, evidenciou que os atributos de orientação familiar e comunitária apresentaram um baixo grau de orientação para a APS(JANKE et al, 2020).A correlação positiva existente nesse estudo entre os dois atributos reforça a afirmativa que o trabalho com a orientação familiar e comunitária requer que o profissional se conscientize da utilização de clareza nas suas relações com o paciente, para facilitar a criação de vínculo e confiança no atendimento, fazendo com que este paciente se sinta confortável em buscar orientações e sanar suas dúvidas(PENSO et al, 2017).…”