O aborto espontâneo é um importante problema de saúde pública, usualmente ocorre nas primeiras 12 semanas de gestação, e muitas vezes é subnotificado. No Brasil, atualmente não existe um fluxograma de atendimento das pacientes com diagnóstico de gestação inicial em abortamento preconizado pelo Ministério da Saúde. Reconhecer o perfil epidemiológico e caracterizar as pacientes com abortamento precoce, permite atuar na prevenção primária, direcionando recursos e otimizando a atenção básica. Objetivou-se analisar o perfil epidemiológico de pacientes com diagnóstico de abortamento espontâneo na região do Sudoeste de Mato Grosso entre janeiro de 2018 a julho de 2019, analisando as formas clínicas de abortamento precoce e sua prevalência. Foi realizado um estudo transversal com dados secundários de gestantes internadas por abortamento espontâneo, extraídos após aprovação do comitê de ética de prontuários e fichas clínicas e posteriormente transferidos para análise de dados no software SPSS. No total, 348 pacientes foram incluídas, a idade média foi de 29,36 anos, a etnia mais comum foi parda, 56% eram solteiras. A maior parte das pacientes não tinha informações descritas ou precisas no prontuário quanto a ocupação, escolaridade, realização de pré-natal e uso de medicamentos. Uma vez verificada a incompletude de informações e a importância dos dados, a sistematização de coleta de dados em prontuários das pacientes internadas com diagnóstico de abortamento precoce é de suma importância. A partir de uma intervenção efetiva no protocolo de atendimento dessas pacientes, será possível avaliar grupos de risco para desenvolvimento de desfechos desfavoráveis, o que possibilitará uma prevenção primária direcionada e precisa.