Enfoques que promovem algum tipo de participação comunitária estão sendo cada vez mais utilizados para abordar problemáticas socioambientais. Um exemplo são as pesquisas participativas (PP): estratégias de pesquisa nas quais diversos atores trabalham de forma colaborativa para um tema de interesse comum. O grupo de trabalho formado para conduzir a pesquisa participa, de forma horizontal, em todas as etapas, desde a definição da pergunta de pesquisa até a difusão dos resultados. A aplicação destes enfoques na formação universitária representa desafios por vários pontos de vista: redefine o papel do especialista; questiona as visões científicas tradicionais e seus métodos; e promove a reflexão, nao só sobre estas temáticas, mas também sobre o binômio pesquisa/ação. Após caracterizar o enfoque específico das PP, o objetivo desde trabalho é descrever três experiências de formação universitária vinculadas a uma PP na pesca artesanal de Piriápolis (Uruguai), e apartir destas experiências discutir potencialidades e desafios da inclusão deste enfoque no ensino universitário no Uruguai. A PP em Piriápolis foi iniciada em 2011 visando abordar problemáticas locais vinculadas à pesca artesanal entre distintos atores: pescadores artesanais, pesquisadores universitários, organização governamental encarregada da gestão pesqueira, e ONGs. Esta PP foi iniciada durante uma pesquisa de doutorado, permitiu uma dissertação de graduação, e serviu de plataforma para uma disciplina de graduação em ciências. Destas experiências conclui-se que as PP constituem enfoques transdisciplinares que potenciam, metodológicamente e conceptualmente, iniciativas universitárias integradas com énfase na inter ou transdisciplinaridade e no diálogo entre saberes. Ademais, as PP são compatíveis com a realização de estudos e trabalhos de graduação e pós-graduação, e podem ser vinculadas a diversas plataformas educativas.