RevisãoTrabalho de consenso de força-tarefa da WFSBP # sobre marcadores biológicos das demências: Contribuição da análise do LCR e do sangue para o diagnóstico precoce e diferencial das demências
ResumoO envelhecimento da população e o aumento da expectativa de vida resultam em um número cada vez maior de pacientes com demência. Os déficits cognitivos podem ser manifestações de uma doença curável do sistema nervoso central (por exemplo, neuroinflamação), como também de uma doença atualmente considerada irreversível, como a doença de Alzheimer (DA). Tendo em vista as novas abordagens terapêuticas para a DA, em que se avalia o potencial modificador da patogenia, torna-se necessário o estabelecimento de um diagnóstico confiável em vida. Embora a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) e do soro seja realização de rotina em doenças neuroinflamatórias, ainda necessita de padronização para ser usada como instrumento auxiliar no diagnóstico clínico da DA. Vários parâmetros relacionados à DA (tau total, formas fosforiladas de tau, peptídeos Aβ, genótipo ApoE, p97 etc.) podem ser determinados no LCR. A combinação de alguns desses parâmetros proporciona sensibilidade e especificidade na faixa de 85% para o diagnóstico da DA, um valor usualmente atribuído a um bom instrumento de diagnóstico. Nesta revisão, são discutidas as publicações mais recentes sobre os marcadores neuroquímicos para o diagnóstico clínico das demências, com ênfase no diagnóstico precoce e diferencial da DA. Discutem-se brevemente as novas perspectivas oferecidas por tecnologias recentes, tais como a FCS (fluorescence correlation spectroscopy) e a técnica de espectrometria de massa pelo método SELDI-TOF (surface enhanced laser desorption/ionization time-of-flight mass spectrometry). Wiltfang J, et al. / Rev Psiq Clín. 2009;36( Wiltfang J, et al. / Rev Psiq Clín. 2009;36(1):1-16
IntroduçãoEm função do envelhecimento populacional e do aumento da expectativa de vida, os transtornos demenciantes irão se tornar um sério problema para os sistemas de atendimento à saúde. Em relação à doença de Alzheimer (DA), apesar do número cada vez maior de pacientes, poucos progressos foram feitos em direção a um melhor padrão para o diagnóstico em vida. Embora a sensibilidade do diagnóstico clínico seja relativamente alta (93%), a especificidade pode ser mais baixa -55%, conforme relatado por um estudo clínico-patológico multicêntrico (Mayeux, 1998). Em mãos experientes, o diagnóstico clínico de DA pode ser preditivo da confirmação neuropatológica em 80% a 90% dos casos; contudo, o diagnóstico da DA em fases iniciais assim como o diagnóstico diferencial das apresentações demenciais incomuns continuam a ser tarefas difíceis em bases puramente clínicas. A introdução das drogas antidemência, tais como os inibidores da acetilcolinesterase para o tratamento da DA, representou um potencial de benefício terapêutico considerável, ante uma doença até então considerada irreversível (recente revisão de Bullock, 2002;Knopman, 2001). Desse modo, a necessidade de se estabelec...