ResumoPretendemos conhecer o processo evolutivo e as características das crenças infantis (3-10 anos) acerca de identidade sexual e fatores associados. As variáveis consideradas foram: conservação da identidade sexual verbalizada e conservação da identidade sexual em figuras com contradição (constância sexual). É um estudo empírico onde analisamos a associação das crenças nos domínios considerados, com aspetos sócio demográficos e de desenvolvimento. A amostra é incidental, constituída por 566 crianças tendo sido realizado tratamento estatístico. Com este estudo comprovámos a existência de processos evolutivos ou de diferenciação nas crenças infantis analisadas, associados a vários fatores. Palavras-chave: identidade sexual, crenças infantis, fatores associados
AbstractWe intend to know the evolutionary process and the characteristics of children's beliefs (3-10 years) about sexual identity and the factors associated. The variables considered were: preservation of verbalized sexual identity and conservation of sexual identity in figures with contradiction (sexual constancy). Is an empirical study where analyze the association of beliefs in the considered domains, with socio-demographic and developmental aspects. The sample is incidental, consisting of 566 children and statistical treatment was performed. We verified the existence of evolutionary processes of differentiation in the children's beliefs analyzed, associated to several factors. Keywords: sexual identity, child beliefs, associated factors A construção da identidade sexual (como me vejo, como me valoro, como me sinto como pessoa sexuada) é um dos componentes básicos da identidade porque somos bio psico socialmente sexuados (Lopez e Fuertes, 1998). É um processo lento, gradual e complexo que supõe a classificação sexual constante e generalização a partir de uma série de características definidas cultural e socialmente como masculinas ou femininas. Os papéis de género estão presentes ao longo de toda a vida, mas a identidade sexual não é suscetível de mudar. (Badinter, 1992;Calderone e Johnson, 1983; Lopez, 2005; Lopez e Fuertes, 1989;Marques, 2002). É uma construção não apenas a nível biológico, mas também a nível psicológico e social, resultando de uma série de operações psicológicas que se iniciam na infância (determinante na sua estruturação) e se prolongam até ao final da adolescência (Marques, 2002;Mantilla, 2006). A criança distingue a sua identidade sexual ao diferenciar-se das pessoas do sexo oposto e ao identificar-se com as pessoas do mesmo sexo (Badinter, 1992; Lopez, 2005; Lopez e Fuertes, 1989;Marques, 2002). Este processo ocupa um lugar relevante no desenvolvimento, tendo lugar, aproximadamente, entre os 2 e os 7 anos. Gesell (1956), Kohlberg (1972) e Money e Ehrhardt (1972) sublinham a importância da linguagem neste processo. Entre os 2 e os 3 anos, as crianças auto classificam-se como rapazes ou raparigas, mas não distinguem, de forma clara, entre identidade sexual e papel de género. Para as crianças pequenas, a aparência é muito impor...