RESUMO: Objetivo: O transplante de hepatócitos xenogênicos encapsulados pode ser utilizado no futuro em situações como a insuficiência hepática fulminante. Porém, observa-se perda precoce da expressão de genes hepatocitários específicos em hepatócitos humanos. O objetivo deste estudo é avaliar a influência da resposta imunológica na perda da expressão genética hepatocitária de hepatócitos humanos encapsulados e transplantados em ratos. Método: Hepatócitos humanos foram isolados de fragmentos hepáticos, encapsulados em fibras e transplantados em ratos. Nos dias 3, 7 e 14 após o transplante as fibras foram coletadas e avaliadas a morfologia por microscopia óptica e eletrônica, e a expressão dos genes por biologia molecular. O ARNm da albumina humana foi quantificado por RT-PCR e Northern blot. A resposta imunológica contra os hepatócitos foi avaliada através do ADN hepatocitário na busca de apoptose do núcleo celular e pelo aumento da expressão do CMH de classe I. Resultados: Os aspectos morfológicos dos hepatócitos mantiveram-se normais até o sétimo dia após o transplante. Não se observaram células envolvidas com resposta imunológica do receptor nas fibras. Os transcritos da albumina foram detectados até D-14. Entre os dias 3 e 7 estavam em 30% em relação ao dia 0. A análise do ADN mostrou bandas preservadas sem a presença de fenômenos de apoptose nos diferentes dias. Não ocorreu aumento da expressão do CMH de classe I. Conclusões: Hepatócitos humanos encapsulados e transplantados em ratos permanecem viáveis apesar da diminuição da expressão de determinados genes. Este fenômeno, não se deve à resposta imunológica do receptor, mas ao próprio processo de isolamento celular (Rev. Col. Bras. Cir. 2004; 31(5)
INTRODUÇÃOO transplante hepático ortotópico constitui atualmente tratamento de escolha para doença hepática grave ou terminal. Esta intervenção comporta grande risco operatório, o paciente é submetido a tratamento imunossupressor por toda a vida e o custo desta terapia é elevado. Ressalta-se também que, no nosso meio, a doação de órgãos não condiz com a demanda, acarretando aumento na fila de espera, com conseqüentes agravos do estado clínico destes pacientes e piores resultados dos transplantes, razões pelas quais, certas equipes começaram a recorrer a alternativas tais como o doador vivo ou o split liver.O transplante de hepatócitos isolados como recurso para suprir insuficiência hepática poderia ser, em certos casos, alternativa ao transplante com fígado inteiro. Principalmente em casos de hepatite fulminante, a assistência hepática através da reposição de hepatócitos isolados, poderia dar tempo à regeneração hepática ou mesmo, de se obter um ór-gão isogrupo de qualidade, funcionando neste caso, como "ponte" até a obtenção de um órgão adequado 1 . Existem basicamente dois sistemas de assistência hepática: o fígado bioartificial externo ou bioreator e o fíga-do bioartificial implantável. O princípio de funcionamento do bioreator assemelha-se a hemofiltração através de membrana biocompatível contendo hepatócito...