As discussões acerca do clima urbano no Brasil avançaram, a partir dos anos de 1970, quando o país registrava um intenso processo de urbanização, levando a indagações dentre os estudiosos acerca desse novo quadro ambiental que se observava nas cidades. Dentro das investigações do clima urbano, a abordagem de Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro com o Sistema Clima Urbano- SCU (1976) se consolidou como referencial teórico-metodológico dos estudos, no entanto, atualmente outras abordagens são possíveis e complementares a esta, dentre elas a discussão do clima urbano a partir da proposta da Geografia do Clima proposta por Sant’Anna Neto (2001, 2007), no qual o Clima urbano passa a ser analisado a partir do Risco Climático, de acordo com Nascimento Júnior (2018) e Goudard (2019). Dessa forma apreender o clima urbano a partir do risco é entender o impacto das chuvas a partir de uma visada que leve em conta a precipitação como elemento fundamental, mas também a forma como o espaço urbano é ocupado e produzido, em relação a suas susceptibilidades ambientais, à vulnerabilidade social visando perceber os impactos, a partir de uma perspectiva também social. Do ponto de vista metodológico este trabalho valerá do levantamento e aplicação de técnicas estatísticas nos dados diários de precipitação; levantamento de informações acerca da suscetibilidade ambiental a ocorrência de movimentos de massa e inundações; aplicação de um índice de vulnerabilidade social e de um levantamento documental acerca dos impactos das chuvas na cidade, valendose de informações obtidas através dos jornais de mídia impressa da cidade. Por fim, foi utilizada uma integração nos dados, utilizando a técnica de AHP (Analytic. Hierarchy Process), o mapeamento do risco climático a partir das informações de vulnerabilidade, suscetibilidade e histórico de ocorrências associados à precipitação (perigo). Os resultados demonstraram tendência significativa de aumento das chuvas no mês de Novembro nos eventos superiores ao percentil 90. Nos outros meses as tendências não foram significativas. O mapeamento dos impactos revelou que as Regiões de Planejamento mais impactadas são as RP Centro e Leste, sendo que no Centro predominam os impactos hidrológicos (enchentes, inundações, alagamentos, enxurradas). A partir da técnica AHP foi mapeado o risco climático a impactos geomorfológicos (deslizamentos e desabamentos), sendo que as regiões com maior percentagem de área com as classes de altíssimo e alto risco foram a Leste e Sudeste, além disso, as áreas de alto e altíssimo risco foram as mais impactadas pela ocorrência dos deslizamentos e desabamentos na cidade. Com base na discussão do risco climático concluiuse que a ocorrência dos impactos, sejam eles hidrológicos (enchentes, inundações, alagamentos, enxurradas) ou geomorfológicos (deslizamentos e desabamentos), ocorre de maneira desigual na cidade, na medida em que se relacionam com os elementos vulnerabilidade e suscetibilidade, sendo que os episódios extremos de precipitação repercutem de maneira diferenciada nos bairros da cidade.