Neste estudo, de caráter qualitativo e exploratório, analisamos a visita de cinco grupos de adolescentes à exposição “Demasiado Humano” do museu Espaço do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada durante as visitas dos grupos com registro de áudio e vídeo por meio de uma “câmera subjetiva” colocada na cabeça de uma pessoa por grupo. Foi utilizado um protocolo de pesquisa desenvolvido para compreender as experiências de adolescentes em museus de ciências. A partir de referenciais que abordam museus de ciências e controvérsias sociocientificas, comunicação pública da ciência e tecnologia e a percepção dos jovens brasileiros sobre ciência e religião, aprofundamos a análise qualitativamente. Observamos que os mediadores foram importantes para catalisar a emissão de opiniões, reflexões, conexões com o cotidiano e coconstrução de conhecimento. As interações estudadas mostram que é possível, embora desafiador, construir experiências museais com os adolescentes que articulem conceitos científicos, no contexto de controvérsias sociotécnicas. Mas, para que isso aconteça, os museus precisam planejar e pensar conteúdos, dinâmicas das visitas e mediação. Ficou clara a necessidade de um trabalho, por parte do museu, de aprofundamento, com os mediadores, da reflexão epistemológica sobre o funcionamento de uma controvérsia.