Evolução sedimentar e cronologia da barreira costeira quaternária de Maçambaba: a influência de ventos de rumos opostos e seu possível significado paleoclimático

Geomorfologia E Arquitetura Deposicional Interna Da Barreira Costeira Holocênica Da Massambaba, Litoral Do Estado Do Rio De Janeiro

“…A formação da barreira interna é associada ao máximo transgressivo de 120.000 anos (Estágio Isotópico Marinho -MIS 5), enquanto a barreira externa, associada ao máximo transgressivo do Holoceno, considerando as idades obtidas por C14 em sedimentos lagunares e fragmentos de madeira (Martin e Suguio, 1989;Turcq et al, 1999;Muehe et al 2006;Dias e Kjerfve, 2009). Recentemente Andrade (2015) realizou uma série de datações por LOE ao longo da planície coletando amostras de terraços marinhos e lobos deposicionais. Seus resultados mostram idades que variam entre 120,9 +-8,1 ka A.P.…”

“…No setor Oeste, essas dunas tendem a ser menos expressivas, apresentando dunas frontais incipientes e estabilizadas; enquanto no setor Central, a barreira holocênica apresenta um signifi cativo retrabalhamento eólico, com a presença de cortes eólicos e dunas que podem chegar a aproximadamente 11 m. Um dos fatores que pode contribuir para essa diferenciação morfológica é a sedimentação encontrada na plataforma continental interna. Há um decréscimo granulométrico de Oeste para Leste que também se refl ete na granulometria dos ambientes de berma, face de praia e zona de surfe (Correa e Muehe, 1989;Andrade, 2015). Esse cenário também tende a gerar uma diferenciação da morfodinâmica de praia que, segundo , tende a caracterizar o Setor Oeste com estágios mais próximos ao refl etivo que, consequentemente, difi culta o retrabalhamento eólico.…”

“…Sawakuchi (2006) também identifi cou a participação de processos eólicos no trecho leste da planície, porém aponta apenas a participação dos ventos do quadrante sul na construção das morfologias. Andrade (2015), ao realizar uma série de datações por LOE ao longo da barreira holocênica, encontra no trecho mais a leste idades que variam entre 129 ± 36 anos A. P. a 48 ± 16 anos A. P., o que indica a recente remobilização dos depósitos arenosos e corrobora com as análises geomorfológicas previamente realizadas. Fernandez et al (2016) identifi caram tanto a ação de ventos do quadrante sul como também a importante participação de ventos de nordeste na construção das dunas frontais no leste da planície.…”

Importância das radiações nucleares nas datações arqueológicas e geológicas - aplicação à datação de sedimentos de Cabo Frio

“…( Esta análise, juntamente com os valores de idade, reforçam a ideia de que o campo de dunas de Dama Branca está sob a ação de agentes que favorecem o transporte de sedimentos. Andrade (2015), construiu um quadro organizando as datações de diversas evidências geológicas, biológicas e oceânicas da região de Cabo Frio e Arraial do Cabo, tais como vermitídeos, medidas radiométricas, calcretes e sedimentos de dunas. As evidências estão associadas a eventos climáticos ou a eventos que influenciam o clima na região (Figura 10.25).…”

“…Quadro extraído e editado deAndrade (2015), mostrando as idades máximas e mínimas obtidas para os sedimentos das bases das dunas. O intervalo das idades compreende a época associada a eventos de clima seco e água fria.…”