ATERAPIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL na menopausa (TRHM) com estrogênios isolados ou associados à progesterona/progestogênios promove alívio dos sintomas climatéricos e reduz o risco de osteoporose e possivelmente da doença de Alzheimer. Entretanto, a TRHM pode aumentar o risco de câncer de mama (1-3). Considerando o grande número de mulheres que fazem uso da TRHM (4), é fundamental aprofundar o conhecimento sobre os efeitos dos esteróides sexuais e suas interações sobre a mama na pós-menopausa e seu papel na promoção da carcinogênese mamária e progressão tumoral.A questão sobre se estrogênios, progestogênios ou ambos aumentam a proliferação do tecido epitelial mamário normal é controversa. Os progestogênios diminuem a proliferação celular endometrial no útero, mas seu efeito sobre a mama é menos evidente. Dependendo do modelo experimental utilizado (humano ou animal, in vivo ou in vitro ), doses e os métodos de medida da proliferação utilizados, foram descritos resultados que demonstram que a progesterona estimula (5-7), inibe (8-11) ou não tem efeitos sobre a proliferação e atividade mitótica das células epiteliais mamárias (2,12).Neste número dos "Arquivos", Marinheiro e cols (13) abordam em parte esta questão, apresentando os resultados da avaliação da proliferação celular em tecido mamário normal de mulheres pós-menopáusicas antes e durante TRHM com estrogênio isolado ou associado a progestogênio. Um dos méritos do estudo é ter obtido, através de um protocolo que seguiu critérios internacionais de ética em pesquisa, amostras de tecido mamário normal, oriundo de mulheres pós-menopáusicas sem doença mamária estabelecida, antes e durante a TRHM. Ao contrário do endométrio, cuja obtenção de fragmentos é mais simplificada a partir da biópsia endometrial, o acesso à glandula mamária é mais complexo por inúmeras razões, incluindo aspectos psicológicos e cosméticos. Por isso, a maior parte dos estudos com tecido mamário normal utiliza, na realidade, tecido circunjacente a lesões palpáveis ou regiões com densidade mamográfica suspeita (14).No corpo dos resultados do estudo de Marinheiro e cols, dois aspectos se sobressaem: primeiro, a ausência de modificações no padrão de proliferação da mama (avaliado pela presença imunoreativa de PCNA e KI67, marcadores de proliferação celular) antes e após 6 meses de TRHM, seja ela com estrogênios conjugados isolados ou associados ao acetato de medroxiprogesterona (MPA). Embora pudesse se esperar um estímulo à proliferação com o uso de estrogênios conjugados nos 2 esquemas de TRHM utilizados, como já descrito na literatura, é possível que o tempo de 6 meses não tenha sido suficiente ou, como os autores comentam, a coleta do material, realizada na primeira semana do sexto ciclo de TRHM cíclica tenha permitido uma janela prévia de 7 dias sem estrogênios, o que pode ter reduzido o impacto do tratamento sobre a proliferação celular.Um segundo aspecto a ser comentado é o que diz respeito à comparação entre os dois esquemas de tratamento. Embora não tenham sido