INTRODUÇÃO
N o clássico A Estrutura das Revoluções Científicas, o filósofo ThomasKuhn argumenta que o uso de artigos como principal meio de comunicação científica é uma das características da "ciência normal" que a distingue das formas pré-paradigmáticas de produção de conhecimento (Kuhn, 1962:13). Hoje em dia, mais de meio século após a publicação do livro de Kuhn, as Ciências Sociais parecem ainda não ter atingido o pleno estágio paradigmático -há, na verdade, muitas razões para argumentar que elas não devam jamais atingi-lo (Veyne, 1998:174). É inegável, contudo, que a produção de artigos científicos tem se tornado mais e mais central nas Ciências Sociais. Várias são as causas que concorrem para esse fato, entre elas o crescimento contínuo da pesquisa e da pós-graduação, as induções institucionais e financeiras das agências de fomento, a estruturação da profissão em torno de critérios de produtividade e a mudança da cultura acadêmica, de formas mais aristocráticas para práticas mais democráticas de produção e circulação de conhecimento.