As atividades que envolvem a utilização do petróleo e seus derivados têm sido motivo de constante preocupação pelos danos causados aos ecossistemas, devido à elevada toxicidade e difícil degradação destes compostos. Consequentemente, diversos métodos de descontaminação vêm sendo desenvolvidos, destacando-se dentre eles a biorremediação, uma técnica ecologicamente viável que visa à aplicação de micro-organismos e/ou seus produtos para remover ou degradar derivados do petróleo e minimizar os efeitos nocivos nas áreas impactadas. Neste sentido, a utilização de micro-organismos isolados do próprio ecossistema constitui uma estratégia promissória, considerando que já possuem mecanismos de resistência a essas condições ambientais adversas. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de biodegradação de petroderivados de fungos filamentosos isolados de sedimentos de mangue do Estado de Pernambuco, contaminados com o derramamento ocorrido em agosto de 2019 na costa do Nordeste brasileiro. Para isso, quatro isolados fúngicos pertencentes aos gêneros Aspergillus sp., Penicillium sp., Talaromyces sp. e Trichoderma sp. foram submetidos a aclimatação em meio Ágar Sabouraud contendo 1-20% de óleo de motor queimado, constatando-se o crescimento em todas as concentrações após 72 h. Em seguida, os micro-organismos aclimatados a 20% foram selecionados para o ensaio de biodegradação de diesel e querosene, no meio Bushnell Haas contendo o indicador redox 2,6-diclorofenol-indofenol (DCPIP), verificando-se resultados acima de 75% após 72 h. Contudo, Aspergillus sp. demonstrou o maior potencial, uma vez que alcançou 88,4% de biodegradação de ambos petroderivados. Assim, sugere-se a utilização deste micro-organismo promissor em processos de biorremediação de ecossistemas impactados por petróleo e derivados.