O objetivo desse estudo foi analisar a relação entre saúde, características do trabalho, educação e competências sobre a capacidade para o trabalho de professores da Educação Básica no Brasil. Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, segundo dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde, Condições de Trabalho e Faltas dos Professores nas Escolas da Educação Básica (Estudo Educatel). Uma amostra probabilística composta por 6.510 professores respondeu a um questionário telefônico (2015) contendo informações sociodemográficas, estado de saúde, educação e competências, características do trabalho e absenteísmo. A modelagem de equações estruturais (MEE) foi usada como técnica multivariada e os coeficientes padronizados (CP) foram calculados para analisar os efeitos diretos e indiretos entre os desfechos. O estado de saúde apresentou um efeito direto sobre a capacidade para o trabalho (CP = -0,83, p < 0,01). As características do trabalho interferiram diretamente no estado de saúde (CP = 0,60, p < 0,01) e capacidade para o trabalho (CP = -0,25, p < 0,05), com destaque para ruído no trabalho e indisciplina dos alunos; o efeito total (soma dos efeitos direto e indireto) das características do trabalho sobre a capacidade para o trabalho foi igual a -0,75 (p < 0,01). Este estudo concluiu que as relações entre estado de saúde e características do trabalho dos professores da Educação Básica são complexas e afetam negativamente a capacidade para o trabalho. Potenciais ações de promoção e manutenção da capacidade para o trabalho devem considerar as exigências psicossociais da atividade docente e medidas para controlar a ordem e a disciplina na sala de aula.