Fatores associados ao bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua

Abstract

Este artigo está licenciado sob forma de uma licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional, que permite uso irrestrito, distribuição e reprodução em qualquer meio, desde que a publicação original seja corretamente citada.

Bienestar Subjetivo de Niños/as y Adolescentes: revisión integradora

“…Essa população tem sido descrita tradicionalmente em teorias centradas nas psicopatologias e problemas de conduta. Contudo, esse panorama tem sido desconstruído a partir da emergência de concepções contextualizadas do desenvolvimento e de estudos que cada vez mais valorizam os seus aspectos positivos (e.g., Baptista, Filho, & Cardoso, 2016;Lima & Morais, 2016a;2016b).…”

População infantil e adolescente nas ruas: principais temas de pesquisa no Brasil

“…Contudo, pesquisas também indicam que as ruas podem oferecer fatores de proteção e a saída de casa pode significar a tentativa de construção de uma "estratégia saudável" diante de ambientes familiares extremamente pobres e violentos. Analisar esses elementos pode contribuir para uma compreensão mais abrangente e realista do desenvolvimento humano (Morais, 2005;Lima, 2014). A má alimentação, por exemplo, que interfere diretamente nos processos de saúde-doença, faz parte do cotidiano de um grande número de famílias e isso acaba impulsionando parte das crianças e adolescentes para as ruas em busca de sustento para si e seus familiares Freitas;Oliveira, 2004).…”

Perfil sociodemográfico da adolescente em situação de rua: análise das condições socioculturais [Socio-demographic profile of female adolescents in a street situation: analysis of sociocultural conditions]

“…O contingente de jovens em situação de rua é majoritariamente masculino, refletindo as assimetrias de gênero, a partir dos quais os meninos são estimulados a dominar o espaço público, usando a rua para o trabalho ou diversão, enquanto as meninas devem permanecer restritas ao privado, envolvidas nos afazeres domésticos, no cuidado das crianças mais novas 18,19 , reproduzindo uma lógica que promove nas mulheres a aceitação de situações de abuso ou exploração. Nesse sentido, o grupo feminino assume importância qualitativa dadas as particularidades da vulnerabilidade social e de saúde, destacando-se a gravidez não planejada; exploração e abuso sexual; submissão ao companheiro para proteção ou afeto; elevado índice de infecções sexualmente transmissíveis (IST); uso abusivo de drogas como consequência ou causa; baixa autoestima; maior impacto de eventos estressores, sobretudo relativos à violência doméstica e sexual 4,18,20,21 .…”

“…Nesse sentido, o grupo feminino assume importância qualitativa dadas as particularidades da vulnerabilidade social e de saúde, destacando-se a gravidez não planejada; exploração e abuso sexual; submissão ao companheiro para proteção ou afeto; elevado índice de infecções sexualmente transmissíveis (IST); uso abusivo de drogas como consequência ou causa; baixa autoestima; maior impacto de eventos estressores, sobretudo relativos à violência doméstica e sexual 4,18,20,21 . A literatura tem destacado que a experiência de viver na rua tem efeitos negativos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes, contudo, há preservação dos recursos internos e externos para enfrentar tantas adversidades 14,22 .…”

“…A literatura tem destacado que a experiência de viver na rua tem efeitos negativos ao desenvolvimento de crianças e adolescentes, contudo, há preservação dos recursos internos e externos para enfrentar tantas adversidades 14,22 . Pondera-se também que, a despeito das vulnerabilidades envolvidas na vivência de rua, este espaço agrega afetos positivos, além de proporcionar uma alternativa à situação anterior de vida que apresentava vulnerabilidade e risco potencialmente prejudiciais 18 . Por outro lado, estudos 4,[22][23][24] identificam as dificuldades enfrentadas pelos serviços de acolhimento institucional em proporcionar o atendimento adequado às crianças e adolescentes, constituindo em grande medida novas situações de violência, sobretudo pelas condutas calcadas na tradicional lógica de contenção do desvio.…”