Introdução: A valvopatia reumática tem alta prevalência no Brasil, acomete frequentemente pacientes jovens e gera grande impacto econômico e social. A decisão acerca do tipo de prótese valvar pode ser complexa, principalmente quando há fatores individuais a se considerar. Relatamos o caso de uma paciente com valvopatia mitral reumática com indicação cirúrgica cuja decisão acerca do tipo de prótese foi controversa e baseou-se em discussão de Heart Team. Método: Os dados foram extraídos do prontuário médico da paciente. Foi realizada revisão de literatura nas bases de dados PubMed e BVS Brasil. Relato do caso: Paciente de 25 anos com história de febre reumática, sem adesão ao acompanhamento e ao tratamento proposto. Antecedente de cinco gestações, além de uso de substâncias psicoativas e etilismo. Admitida com insuficiência mitral importante complicada com fibrilação atrial, em classe funcional NYHA III, com indicação cirúrgica. Após análise minuciosa do contexto social da paciente e do seu grau de compreensão sobre a doença e a necessidade de anticoagulação, foi optado pela prótese biológica em discussão multidisciplinar. O procedimento cirúrgico foi realizado com sucesso, com boa evolução intra-hospitalar. O ecocardiograma transtorácico realizado no pós-operatório mostrou prótese biológica mitral normofuncionante, com refluxo discreto. Paciente permanece em acompanhamento ambulatorial, assintomático, em uso regular das medicações e em seguimento multiprofissional. Discussão: A escolha sobre a prótese biológica ocorreu devido ao risco associado à anticoagulação em um contexto social desfavorável. A definição do tipo de prótese deve ser individualizada e analisada com cautela frente à realidade de cada paciente, inclusive em jovens. Discussões multiprofissionais são recomendadas para que as equipes tomem as decisões mais acertadas. Conclusão: Permanece o debate quanto à prótese ideal nesses casos, tal escolha deve ser individualizada e analisada com cautela frente ao contexto de cada paciente.