As pautas dos movimentos feministas, nos últimos anos, parecem partir da América Latina. A afirmação é um pouco ousada, ainda mais porque esse ponto de partida não garante que as pautas não sejam depois apropriadas – capturadas e domesticadas – pelos centros; porém, uma olhada nas publicações de teoria feminista de mais visibilidade e o modo como recorrem a fontes e trabalhos de campo latino-americanos, apontam para a força evidente dessas pautas e questões que se apresentam como situadas. O Laboratório de Teorias e Práticas Feministas do PACC-UFRJ se propôs olhar com atenção, então, alguns dos textos contemporâneos produzidos em primeira mão por algumas referências desses feminismos latino-americanos. A escolha dos textos que seriam comentados e a montagem do conjunto se deu de forma coletiva e experimental, seguindo um método que ao mesmo tempo pudesse refletir as escolhas singulares das participantes do Laboratório e apontar para um conjunto de questões que os ultrapassa e que fosse significativo para o debate. A diferença nas dicções e a desistência de uma padronização dos nossos estilos para fazer os comentários respondem a uma vontade de visibilizar ou de deixar entrever as singularidades de nossos modos de escrever, singularidades que são menos estilísticas e mais, enunciações situadas: cada uma de nós carrega percursos diferentes, línguas maternas diferentes, sotaques, formações institucionais, idades, etc.