RESUMOO objetivo do estudo foi analisar a associação entre alterações nas medidas antropométricas e a frequência de fatores de risco cardiovascular em crianças e adolescentes. Estudo transversal, com amostra de 421 crianças e adolescentes. A coleta de dados foi realizada no período de agosto a novembro de 2014, por meio do preenchimento do formulário com informações referentes a identificação, aos aspectos socioeconômicos, às medidas antropométricas, à aferição da pressão arterial e de prática de atividades físicas, além de exames bioquímicos.Os principais resultados encontrados foram: 59,6% eram do sexo feminino, com idade média de 11,4 anos. Aqueles que apresentaram maiores índices de massa corporal e/ou circunferência da cintura alterada tinham mais chances de apresentar pressão arterial sistólica elevada, triglicerídeo elevado e high density lipoproteins -colesterol baixo.Conclui-se que aqueles que estavam acima do peso e/ou com excesso de adiposidade central apresentaram expressivas frequências de fatores de risco, como hipertensão arterial e desordens no perfil lipídico, para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.Palavras-chave: Fatores de Risco. Doenças Cardiovasculares. Obesidade. Criança. Adolescente.
INTRODUÇÃOAs várias modificações do padrão de vida da população moderna, incluindo crianças e adolescentes, influenciadas diretamente pelos avanços tecnológicos ocorridos nos últimos anos, contribuíram para a ampliação da inatividade física e o aumento do peso corporal e, consequentemente, para o surgimento de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) (1)(2) . O sobrepeso e a obesidade vêm sendo apontados como importantes elementos na gênese dessas doenças, em curto ou longo prazo, pois o acúmulo de gordura corporal não se apresenta isoladamente, mas como fator predisponente para o aparecimento de outras morbidades, como a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)e dislipidemias (3) . Ainda, a prevalência de sobrepeso e obesidade vem superando a desnutrição e o baixo peso, em todas as faixas etárias, estratos sociais e demográficos. Estima-se que em 2020, cerca de 9% (60 milhões) das crianças em todo o mundo serão obesas (4)(5) .
Atrelado a esses fatores, o baixo Nível deAtividade Física (NAF), representado pelos comportamentos sedentários (relacionados ao uso abusivo de televisão, videogame e computador) contribui para o aumento do peso corporal, e este pode contribuir, substancialmente, para o surgimento da HAS (6) . Ademais, uma doença crônica na infância ou na adolescência é geralmente assumida como uma condição de risco para o aparecimento de vários outros problemas associados, especialmente de âmbito psicológico, devido às vulnerabilidades peculiares dessa fase (7) . Neste contexto, com o objetivo de promover a prevenção e o controle dos agravos nutricionais, visando à promoção da saúde de crianças e adolescentes, foi implantado o Programa Saúde na Escola (PSE), como resultado de uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação. As ações do PSE visam contribuir para a formação integral do...