tingencialista ou neo-institucional. Discutiremos essas contribuições e perspectivas a seguir, ao apresentarmos os dois textos que constam neste número e as teorias funcionalistas que representam na série.
ECOLOGIA ORGANIZACIONAL, ÁRVORES E FLORESTASO primeiro artigo do presente número da "RAE-Clássi-cos", de Hannan e Freeman, foi o trabalho que apresentou essa influente perspectiva teórica no campo da teoria organizacional no final da década de 1970, e que a partir de então provocou um intenso debate -e co-desenvolvimento -de teóricos contingencialistas e neo-institucionais.A lógica da ecologia organizacional fica evidente numa questão colocada por Michael T. Hannan e John Freeman no artigo "The population ecology of organizations" (1977): por que existem tantos tipos de organizações? A pergunta é eco de um outro texto, publicado em 1959 na revista American Naturalist: por que existem tantos tipos de animais? A partir de 1977 a ecologia organizacional suscitou um debate intenso e contínuo, e garantiu um lugar de relevo na teoria organizacional contemporânea. As suas poderosas idéias de base, sumariamente discutidas a seguir, e um sofisticado aparato matemático transformaram a teoria num dos paradigmas centrais da sociologia organizacional contemporânea, simultaneamente à abordagem das redes e à teoria institucionalista.Para responder à pergunta anterior -"por que existem tantos tipos de organizações?" -Hannan e Freeman propuseram que o debate sobre as organizações fosse provido com duas novidades importantes. A primeira é a adoção
INTRODUÇÃONo primeiro número da série "RAE-Clássicos" foram apresentados os chamados "paradigmas hegemônicos" em análise organizacional e discutida a utilidade de aná-lises usando múltiplos paradigmas. No segundo número foi iniciada a exploração do paradigma funcionalista, primeiro mostrando como esse paradigma internamente se expandira em múltiplas perspectivas teóricas concorrentes, variando em nível de análise e em nível determinista versus voluntarista, e segundo com a discussão de um texto essencial do neo-institucionalismo. Neste número da série o objetivo é trazer, aos leitores ainda não familiarizados com tais teorias e textos, dois artigos de duas outras perspectivas funcionalistas: a ecologia populacional e as teorias econômicas da organização, com ênfase na teoria da agência.De forma geral, apesar de teoricamente muito distintas, essas duas teorias têm diversas pontos em comum para o propósito desta série. Primeiro, das teorias de perspectiva funcionalista, foram elas as que tiveram menor difusão e impacto no Brasil, apesar da legião de seguidores que possuem em outros países. Segundo, ambas questionam posições centrais das teorias funcionalistas mais difundidas no Brasil -como a teoria da contingência e a teoria neo-institucional -, e nesse sentido podem oferecer importantes contribuições a teóricos de tal orientação no Brasil, por oferecer contrapontos essenciais às suas habituais posições teóricas, o que pode vir a enriquecê-las. E terceiro, elas expandem as possibilidad...