“…Os vivos desejam sentir seus mortos, tocá-los, vê-los, admirá-los; demonstrar, num derradeiro gesto de afeição, que eles foram importantes e que continuarão "vivos" na memória de todos. Inobstante, o corpo morto tem um poder "impuro" (RODRIGUES, 2006a(RODRIGUES, , 2006bDOUGLAS, 2014;HERTZ, 2016), manifestado pela sua presença muitas vezes assombrosa e nociva, dificilmente irrisória à percepção. De fato, os mortos são sujeitos e portadores de uma força ou ser que exerce ação, e não simples "coisas" inertes e passivas; eles têm mana, pois "todos os mortos, cadáveres e espíritos, formam, em relação aos vivos, um mundo à parte" (MAUSS, 2015b, p. 151).…”