O artigo analisa disputas narrativas em torno da espiritualidade no campo das comunidades terapêuticas (CTs). Os dados observados são provenientes de levantamento bibliográfico, análise documental e entrevistas semiestruturadas realizadas com representantes de federações de CTs e mulheres atendidas em uma CT de perfil religioso. Entre nossas principais conclusões, constatamos a existência de tensionamentos sobre o entendimento do Estado e dos representantes de federações de CTs sobre qual deve ser o lugar e o uso da espiritualidade no modelo de atendimento dessas organizações. Ademais, as falas das mulheres acolhidas entrevistadas revelam que nem sempre a fé pregada institucionalmente está alinhada com as experiências de conexão com o sagrado vividas por essas mulheres durante a permanência em CTs. Por fim, a reivindicação das CTs para manter a espiritualidade como parte do atendimento ofertado demonstra o esforço de seus representantes de preservar a identidade dessas instituições.