RESUMEN
Este artigo analisa a relação entre política e religião no Recôncavo Baiano, região do Nordeste brasileiro, a partir da observação da festa afro‐católica da Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte. No Brasil, religiões de origem africana têm sido consideradas exemplos idealizados de mistura cultural, especialmente quando combinadas às tradições européias. Entretanto, e mais recentemente, militantes que lutam contra desigualdades raciais têm tomado estas mesmas práticas religiosas como símbolos de resistência cultural. Enquanto os políticos da elite invocam a Irmandade como símbolo de mistura harmoniosa, militantes anti‐racista a interpretam como demonstração de resistência negra à dominação. Neste contexto, o artigo investiga de que modo as praticantes interpretam esta apropriação simbólica em torno de suas práticas religiosas. Especificamente, examino de que modo as irmãs da Boa Morte se utilizam destes dois discursos, o da mistura harmoniosa e o da resistência negra, para o benefício de seus próprios objetivos.
This article focuses on the intersection of religion and politics in the Recôncavo region of the state of Bahia in northeastern Brazil. African‐derived religions, particular practices that combine African and European traditions, have long been cited as examples of the Brazilian ideal of cultural mixture. More recently, however, activists struggling against racial inequality have sought to claim African‐derived religions as emblems of cultural defiance. Focusing on the Afro‐Catholic festival of the Sisterhood of Our Lady of Boa Morte in the state of Bahia, I investigate how elite politicians invoke this sisterhood as a symbol of harmonious cultural and racial mixture while antiracist activists simultaneously claim it as an emblem of black resistance. Against this backdrop, I explore how practitioners have responded to and engaged politicized representations of their religion. In particular, I examine how the sisters of Boa Morte negotiate the discourses of harmonious mixture and black resistance for their own purposes.