Este estudo visa a investigar a psicodinâmica do estresse em trabalhadores de um centro de pesquisa de uma empresa pública brasileira de ciência, tecnologia e inovação. O pressuposto que fundamenta esta investigação é de que o contexto produtivista contemporâneo, por meio do suporte ideológico de excelência, desempenho e produtividade, subverte o sentido do trabalho do cientista. Em face dessa subversão de sentido, o sofrer comparece pelo termo estresse, empregado em sentido amplo. Neste estudo, o estresse foi tomado como representante da sobrecarga e, para a coleta de dados, utilizamos a abordagem qualitativa. Um grupo de dez participantes voluntários foi formado e sete entrevistas coletivas foram realizadas. Os dados foram considerados a partir da técnica de análise dos núcleos de sentido (ANS). Com base nos resultados, a atribuição de sentido vincula o estresse à sobrecarga de trabalho. No âmbito do sofrimento, consigna sensações de esgotamento físico ou emocional, jornadas duplas, agregação de funções burocráticas às técnicas, ausência ou precariedade de condições, meios físicos ou psíquicos para a realização do trabalho e percepção de ausência ou precariedade de tempo. Já no campo das estratégias defensivas, há o movimento da autoaceleração, da negação, da racionalização e da idealização. E no das patologias contemporâneas, quando a sobrecarga se configura em face da centralidade do trabalho pela exacerbação da necessidade de reconhecimento, o estresse consigna a idealização individual afetiva de herói e o imaginário social generalizado da ciência com alto grau de certeza. Palavras-chave: Psicodinâmica do trabalho; estresse; pesquisadores.This study aims to investigate the general psychodynamics of stress among workers in a research center of a Brazilian public technological innovation company. The assumption underlying this research is that the productivist contemporary context, through the ideological support of excellence, performance, and productivity, subverts the meaning of the work of the scientist. Given this change in meaning, suffering appears by means of the term stress, used in a broad sense. In this study, stress was taken as representative of work overload. To collect data, we used a qualitative approach. We set up a group of ten volunteer participants and conducted seven collective interviews. Data analysis used the technique of analysis of units of meaning (ANS). Based on the results, the attribution of meaning links stress to work overload. In the context of suffering, it represents sensations of physical or emotional exhaustion; difficulties in separating what is inside and outside of work; double shifts; the aggregation of bureaucratic functions with technical functions; lacking or poor physical or mental conditions for carrying out the work; perception of lack of time. In the area of defensive strategies, there is the movement of self-acceleration, denial, rationalization, and idealization. In the area of contemporary pathologies, when overload takes shape in the context of the centralit...