Este artigo examina a obra da abadessa alemã do século 12 Hildegard von Bingen. Em meio a sua prolífica e multifacetada obra se destaca Scivias (abreviatura de Scito Vias Domini, que se traduz por Conhece os Caminhos), composta de visões místicas e apocalípticas, acompanhadas de comentários exegético-teológicos e iluminuras. Discutimos as estratégias discursivas que promoviam a legitimidade de sua pregação e mensagem, em meio a um contexto institucional e teológico masculino e hierárquico. Hildegard explora o potencial de criação e atualização de mensagens dos textos bíblicos por meio de sua linguagem visionária, que é altamente conectiva e criativa. Desta forma a abadessa consegue seguir inserida no quadro institucional do catolicismo do seu tempo, de cuja hierarquia teve reconhecimento e autorização, sem abrir mão da mística visionária e de seu potencial der produção e atualização de mensagens. Analisamos mais detidamente a segunda visão do terceiro livro do Scivias, intitulada A coluna da Palavra de Deus, no texto e na iluminura, na tensão e complementariedade entre os dois, com o objetivo de explorar a relação entre os profetas bíblicos, os leitores e o Espírito, em diálogo e multiplicação de revelações.