Apresentamos uma proposição metodológica no estudo das violências física e verbal motivadas por discriminação à identidade de gênero e à sexualidade, registradas em boletins de ocorrência policiais e ocorridas no município de São Paulo de 2008 a 2017. Os dados foram coletados na base de dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Utilizamos a Cartografia Analítica e Transformacional (Cauvin; Escobar; Serradj, 2008) na construção de cartogramas em anamorfose, a fim de visualizar o peso espacial dos registros de violência. Em seguida, empregamos o método do anticartograma (Poncet, 2014) para visualizar tanto os vazios espaciais, quanto as conexões entre os distritos. Desagregamos esses dados e mapeamos os casos que ocorreram nos espaços públicos, comuns e privados para aprofundar a análise. Usamos os mapas como ferramentas fundamentais nesta investigação, porque possibilitaram a construção de hipóteses, a partir de metodologias que pudessem ir além da análise do que é imediatamente visível. A abordagem e a metodologia empregada, denominada aqui de cartografia queer, em diálogo com o trabalho de Paul B. Preciado (2017), contribuem para uma análise das espacialidades e corporalidades para além dos limites do espaço euclidiano, em específico nos estudos sobre espaço, gênero e sexualidade, onde o mapa ainda é pouco presente.