INTRODUÇÃOOs trabalhos realizados sobre o gênero Copaifera L. estão, em sua maioria, relacionados com o óleo que é exudado do tronco destas árvores, o óleo de copaíba, facilmente encontrado na região tropical da América Latina. Desde os primeiros anos do descobrimento do Brasil, o óleo de copaíba vem sendo indicado para diversos fins, farmacológicos ou não.Por sua ampla utilização, muitos estudos foram realizados sobre este gênero, abordando suas diversas aplicações. Apesar dos mais de 200 trabalhos publicados em diversas línguas, muitos dados sobre a composição química e atividade farmacológica do óleo de copaíba são contraditórios. Há equívocos desde a identificação botânica até a composição química dos óleos de copaíba, que são também freqüentemente misturados a outros óleos e adulterados.É, portanto, objetivo deste trabalho realizar uma revisão sobre o gênero Copaifera L., abordando sua história, química e farmacologia.
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA, DISTRIBUIÇÃO DO GÊNERO Copaifera E O ÓLEO DE COPAÍBAA nomenclatura botânica segue, como norma, os nomes mais antigos dados às plantas. Em alguns casos, entretanto, são feitas exceções frente à utilização corrente de outros nomes. Uma destas exceções está nas leguminosas, cujo nome mais antigo é Faba, mas Fabaceae Lindley dá lugar a Leguminosae Juss., na nomenclatura desta que é uma das mais importantes famílias botânicas. A classificação mais moderna da família Leguminosae a divide em três subfamílias: Caesalpinoideae, Mimosoideae e Papilionoideae (ou Faboideae) 1 . Por esta classificação, que segue o sistema de Engler, o gênero Copaifera L. pertence à família Leguminosae Juss., sub-família Caesalpinoideae Kunth. Segundo outro sistema de classificação, o de Cronquist, o gênero Copaifera L. pertence à família Caesalpiniaceae R.Br. A classificação apenas como Fabaceae também é encontrada em alguns livros 2,3 .Muitos botânicos e cronistas que estiveram nas Índias Ocidentais e na América no início da colonização descreveram espécies do gênero Copaifera. Em 1628, MarcGrave e Piso descreveram os aspectos morfológicos da planta, empregando o termo "Copaiba" sem designar espécies 4 . Mais tarde verificou-se, através dos caracteres descritos pelos dois cronistas, que a espécie estudada foi a Copaifera martii 5 . Em 1760, Jacquin 6 descreveu em detalhes a primeira Copaifera como Copaiva officinalis Jacq. mas, como não possuía o fruto, baseou sua descrição nos aspectos do fruto da espécie estudada por MarcGrave e Piso. Somente dois anos depois, o cientista sueco Carl von Linneu descreveu corretamente a Copaifera officinalis 7 , assumindo a descrição oficial do gênero Copaifera L.Em 1825, Hayne 8 publicou uma monografia com oito novas espécies de Copaifera que, apesar de um pouco confusa em vista do conhecimento atual, constituiu o mais importante tratado de descrição do gênero e serviu como base para estudos como o de Bentham, no Flora Brasiliensis, realizado durante a expedição com o naturalista von Martius 9 , em 1870.Os trabalhos mais recentes de descrição de novas espécies fo...