A produção cinematográfica e audiovisual vernacular na Guiné-Bissau, viral entre os seus habitantes, está a crescer exponencialmente. Retratando eventos quotidianos, são habitualmente exibidos em sessões informais de cinema ou partilhados em canais de internet, atingindo milhares de telespectadores dentro do país, e nas suas diásporas na Europa. Estes filmes e produções audiovisuais constituem recursos valiosos para estudar as percepções populares, relativamente às questões de género. Este artigo revisita a história das políticas de género na Guiné-Bissau para analisar como essa produção vernacular está a representar as transformações de género em reação à instabilidade social e política, um campo que carece de questionamento e pesquisa. Além de identificar padrões comuns nessas narrativas, esta análise procura contextualizá-las, explorando a participação de mulheres e homens no mundo laboral e familiar, propondo uma leitura crítica que considera as omissões dessa produção cinematográfica e audiovisual, elas mesmas, reveladoras.