Cardena, MMSG; Santos, AR; Santos, S; Mansur, AJ; Pereira, AC; Fridman, C. Relação entre a etnia auto--declarada, haplogrupo mitocondrial e ancestralidade genômica em indivíduos do sudeste brasileiro. Saúde, Ética & Justiça. 2013;18(Ed. Especial):62-6.
RESUMO:Em populações onde há um alto grau de miscigenação, como no Brasil, o uso exclusivo de informações da etnia auto-declarada não é um bom método de classifi cação étnica. Neste trabalho, nós avaliamos a relação entre as etnias auto-declaradas com ancestralidade genômica e haplogrupos mitocondriais em 492 indivíduos do Sudeste Brasileiro. Haplogrupos mitocondriais foram obtidos pela análise das regiões hipervariáveis do DNA mitocondrial (mtDNA) e a ancestralidade genômica foi obtida utilizando 48 marcadores autossômicos informativos de ancestralidade (AIM). Dos 492 indivíduos, 74,6% se auto-declararam brancos, 13,8% pardos e 10,4% pretos. Em relação aos haplogrupos mitocondriais, 46,3% apresentaram mtDNA Africano e a maior contribuição de ancestralidade genômica foi Europeia (57,4%). Quando realizamos a distribuição do mtDNA e ancestralidade genômica de acordo com as etnias auto-declaradas, dos 367 indivíduos auto-declarados brancos, encontramos 37,6% com mtDNA Africano, sendo observado maior contribuição de ancestralidade Europeia (63,3%). Dos 68 indivíduos auto-declarados pardos, 25% apresentaram mtDNA Ameríndio e pouca diferença na contribuição de ancestralidade Europeia e Africana. Dos 51 indivíduos auto-declarados pretos, 80,4% apresentaram mtDNA Africano e maior contribuição de ancestralidade Africana (55,6%). A população brasileira apresenta uma uniformidade de ancestralidade genômica Ameríndia, e apenas o uso de marcadores genéticos (autossômico e mitocondrial) foi capaz de capturar essa informação. Sugerimos que estudos epidemiológicos façam o uso associado destes métodos, pois poderiam fornecer informações complementares.