Os inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) são uma classe de fármacos usados em diversas doenças, principalmente na hipertensão. Seu mecanismo está ligado ao sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona, no qual ele atua inibindo competitivamente a enzima conversora de angiotensina (ECA). Dentre seus efeitos adversos, está presente a tosse seca, que é a principal causa de abandono ao tratamento. A tosse não possui justificativa direta, mas a teoria mais aceita é que a inibição da ECA causa acúmulo de bradicinina e substância P no trato respiratório, já que a ECA é responsável por degradá-las, e isso estimula diretamente os reflexos de tosse e de contração da musculatura lisa das vias aéreas. Os principais fatores de risco encontrados são sexo feminino, tabagismo e uso de tiazídicos associados ao tratamento. Pacientes leste-asiáticos também possuem maior risco. Fatores genéticos se mostraram associados ao risco de presença de tosse. O uso de estatinas se mostrou inconclusivo, pois um dos estudos abordados indicou como fator de proteção, enquanto as demais literaturas indicaram o contrário. A abordagem completa da tosse é imprescindível antes de indicar o desuso de IECA, pois outros fatores, como a insuficiência cardíaca, podem ser verdadeiros causadores do desenvolvimento da tosse. Como formas de combate ao sintoma, a interrupção temporária do uso aparenta ser possivelmente eficaz, já que parte dos pacientes não apresentam tosse ao retorno do tratamento. Uso associado de inibidores de canais de cálcio se mostrou eficiente no combate à tosse, devido a inibição da propagação do reflexo da tosse.