Este artigo analisa a obra “Os transparentes” do escritor angolano Ondjaki, a partir dos conceitos de memória, nostalgia e ficção, no cenário da cidade de Luanda, entendida como metáfora de Angola. Recorrendo aos trabalhos de Baccega sobre “Mayombe” de Pepetela, inicia-se a exposição traçando o contexto em que se inscreve o romance de Ondjaki. Assinala-se, a partir de excertos da obra, como o autor ficciona personagens e interesses da cidade de Luanda, nomeadamente os de uma elite afeta ao ex-presidente, que governou o país por cerca de quarenta anos. Em seguida, evocando mais uma vez Baccega, analisa-se como são construídas as personagens, numa dicotomia ganhadores/perdedores, e num cenário urbano progressivamente caótico e corrumpido, onde a memória e a nostalgia são âncora da resiliência dos despossuídos. Por fim, são mapeadas as referências e o papel das mídias, com principal relevância para o Jornalismo em Angola e a influência das telenovelas brasileiras.