A ampla diversidade de metodologias construtivas vernaculares incidentes nas mais adversas situações climáticas e geográficas propiciaram a propagação de edificações arquitetônicas à base de terra em vastas localizações, atendendo assim a uma variada gama de solicitações estruturais e culturais ao longo da História. Entretanto, esse saber milenar de construção, mesmo com o caráter secular dessa prática construtiva, da sua praticidade, economia e durabilidade, os conhecimentos de construção com terra foram sendo postos em segundo plano a partir do processo de urbanização e industrialização, apesar de este ser um processo pouco discutido e documentado. Este trabalho irá utilizar-se de fontes acadêmicas interdisciplinares atuais e históricas para elaborar uma contextualização abrangente que possa auxiliar no esclarecimento dessa transformação no âmbito americano e, mais especificamente, brasileiro. Através da contextualização histórica das mediações econômicos, sociais, políticos e culturais que possibilitaram essa contradição entre a atual concepção da metodologia de construção com terra e seu histórico de ampla adoção, foi possível compreender de forma mais clara os entraves que perpetuam essa condição de abandono à qual sua práxis se encontra. A avaliação da correlação de forças históricas que possibilitam a atual inserção da construção com terra na sociedade pode auxiliar na elucidação das razões que levaram ao abandono de uma tecnologia milenar, assim como contribuir para um maior esclarecimento da situação atual, possibilitando a formação de uma renovada perspectiva em relação à arquitetura com terra e uma maior divulgação de seu conhecimento.