Gestão de resíduos da construção civil em um empreendimento urbano usando a tecnologia BIM

Abstract

Objetivo: Objetivou-se por este estudo avaliar o uso da tecnologia BIM na estimativa do RCC (Resíduo da construção civil) na fase de projeto de residências. 
 
 Referencial Teórico: Um dos setores que mais gera impactos ao meio ambiente é a construção civil. Esse setor causa variados problemas em decorrência de sua atividade fim, tais como: uso maciço de recursos naturais, descarte incorreto, emissões de CO2, mão de obra artesanal, evolução lenta e resistência às mudanças, indústria pouco mecanizada, dentre outros. Dessa forma o setor da construção civil precisa explorar alternativas que diminuam esse impacto já na etapa de planejamento. Por outro lado, a construção civil representa um dos principais setores que ajudam no desenvolvimento econômico no Brasil. O BIM (Building Information Modeling) tem sido considerada uma tecnologia essencial e vem adquirindo notoriedade no cenário mundial na área de gestão de resíduos de construção e demolição devido à sua compatibilidade com outras tecnologias avançadas. Se apresenta como uma alternativa viável para reduzir gastos e desperdícios nos conglomerados de construção por aumentar a transparência no ciclo de vida dos projetos para construção civil.
 
 Método: O estudo foi desenvolvido no município de Garanhuns, que está situado na região Nordeste do Brasil, no Agreste Meridional de Pernambuco. No desenvolvimento deste estudo foi utilizada a estrutura metodológica com características de estudo de caso. O estudo foi classificado como descritivo em função da necessidade de levantar informações sobre indicadores de perdas de matérias relacionadas ao RCC e métodos de utilização do BIM com a finalidade de estimar a quantidade de resíduos de construção civil. Quanto aos procedimentos metodológicos caracterizou-se como bibliográfico e de simulação, devido à elaboração da revisão sistemática da literatura (RSL), com o objetivo de buscar evidências na literatura que sirvam de base para o desenvolvimento do tema da pesquisa, assim como a simulação dos volumes de resíduos gerados. Os passos que permitiram que o trabalho fosse operacionalizado foram: pesquisar os diversos índices de perdas disponibilizados na literatura; estimar o volume de RCC utilizando BIM; análise espaço-temporal da superfície; e analisar o impacto do empreendimento na área em estudo.
 
 Resultados: A modelagem BIM se mostrou eficiente em se fazer uma previsão inicial do volume de resíduos gerados na etapa de construção das unidades unifamiliares. Sendo assim, indiscutivelmente é uma ferramenta útil para engenheiros, técnicos e gestores para que se pense adequadamente na gestão de resíduos sólidos. Futuramente, é necessário que pesquisadores, representantes da sociedade civil, órgãos públicos e indústria se unam para que os empreendimentos imobiliários sejam implementados seguindo o tripé da sustentabilidade, como preconizam os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU.
 
 Implicações da pesquisa: Os resultados deste trabalho são de grande relevância para o desenvolvimento sustentável não só apenas do município de Garanhuns, mas sim de todo o agreste Pernambucano, já que grande parte dos municípios da região não possuem um Plano de Gerenciamento dos resíduos sólidos próprio, que é um dos documentos indicados pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) para ser elaborado e utilizado pelos municípios, e que pode ser criado conforme a necessidade de cada realidade. É importante frisar que caso não sigam as recomendações do PNRS, poderão ficar sem incentivos financeiros advindos da União. Além disso, por meio deste trabalho, objetiva-se popularizar a modelagem BIM, junto aos órgãos públicos, já que o uso de tal tecnologia se tornará obrigatório em obras públicas, segundo o que preconiza o Estratégia BIM BR.
 
 Originalidade/valor: Utilizando a modelagem BIM em empreendimentos do programa Minha casa, Minha vida, espera-se contribuir de forma relevante para a problemática que se apresenta, pois se de um lado existe um déficit imobiliário, principalmente atingindo famílias em vulnerabilidade social, por outro, é imperativo que tal expansão urbana ocorra de uma forma sustentável, como preconiza o Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) da ONU.