Globalização e Desglobalização: Outro Dilema da Pós-Modernidade

Abstract

Esse artigo investigará o movimento paradoxal e desglobalizante de protecionismo, de neonacionalismo, e de fechamento de fronteiras da política das nações, em relação ao movimento contrário dos meios de comunicação digitais, internet, que tendem a pressionar as populações para ampliação dos contatos, cada vez mais globalizantes, dada ao alto potencial de alcance e extensão da percepção que esses meios são capazes de produzir nas relações humanas. Com isso pretende-se analisar e compreender esse impasse que amplia as incertezas na sociedade, além de revelar a influência dos meios digitais no processo de globalização, e sua influência na constituição do sujeito pós-moderno. Compreender as tensões causadas pelo dilema entre intenções políticas nacionalistas e o movimento dos meios de comunicação globalizantes trará mais um componente, que revelará motivações para o aumento dos discursos nacionalistas, da xenofobia, e da intolerância quanto outras culturas, ideias, crenças. A pesquisa é teórica e exploratória, onde foi feito um levantamento bibliográfico e a observação dos fenômenos. Como se trata de uma pesquisa teórica, espera-se como resultado a produção de um texto que possa fornecer subsídios para compreensão de um fenômeno dos nossos dias, bem como a produção de um material que possa dar acesso às teorias da comunicação e da organização política à outros pesquisadores.

Meios de Comunicação, Extensão, Escapismo e Isolamento social

“…Nesse sentido, o mundo perfeito dos meios digitais, principalmente de redes sociais como Instagram e Facebook, tem ajudado na ampliação dessa visão escapista, esse anseio pelo resgate de utopias, ou melhor, retrotopias (Bauman, 2017). Por causa disso, nos próximos capítulos será comparada a visão da unificação global das teorias dos meios, representada pelo conceito de Aldeia Global de Mcluhan (2016) e o efeito paradoxal a essa ideia, sentida nesse momento da Pós-modernidade: a fragmentação das culturas (Baitello, 2015), o enfraquecimento da alteridade (Han, 2015), a desglobalização (Dugnani, 2018) e o aumento da sensação de solidão (Hertz, 2021).…”

“…Partindo-se dessas reflexões, levanta-se a hipótese de que os meios de comunicação, na sua transição da hegemonia dos meios de comunicação de massa, para os meios digitais (Dugnani, 2020a), estão criando uma pulverização das comunidades (Baitello, 2015), um fortalecimento do individualismo (Bauman, 1998), um enfraquecimento da alteridade (Han, 2015), uma desglobalização (Dugnani, 2018), ao invés de uma união de culturas como preconizou Mcluhan (2016) em seu conceito de Aldeia Global. Divergindo da visão de Mcluhan (2016), sentencia-se que os meios de comunicação, de maneira paradoxal, estariam agindo de forma contrária aos seus objetivos primários.…”

“…Na verdade, o que esses dados alertam é que apenas estar conectado aos meios, não é suficiente para preencher essa sensação de solidão. Então o que falta?Dugnani (2018) fala da desglobalização,Baitello (2015) da fragmentação das organizações sociais formadas no século XX, mediadas pelos meios de comunicação de massa tradicionais. Então o que está ocorrendo?…”

Corpo Estendido Versus Corpo Intercultural: Reflexões Sobre o Uso dos Meios de Comunicação e a Interculturalidade

“…Unification is being replaced by fragmentation and polarization, negating McLuhan's (1964McLuhan's ( /2016 vision. It seems that globalization boosted by the technological development of new media with global reach (such as electric media, mass media, and digital media) has run into a deglobalizing resistance, reflected in the protectionist and fragmentary ideology of contemporary political and social organization (Dugnani, 2018).…”

A Imagem Imita a Vida, e a Vida Quer Imitar a Imagem

“…A comparação de Pawek também aborda a "enchente de imagens" à qual não corresponde um incremento da capacidade de visão humana. (Baitello, 2005, p. 50) Esse "triunfo do olho" (Baitello, 2005, p. 50), e o consequente deslumbramento e valorização da imagem ocorrido logo após a revolução das grandes navegações, e a invenção da prensa móvel com suas novas referências, e a reprodução de textos e imagens, apresentadas à percepção e a consciência humana no início da idade moderna, se repete na contemporaneidade, na Hipermodernidade, com as novas navegações virtuais na internet, como na ampliação do potencial de reprodutibilidade técnica dos meios de comunicação elétricos, de massa, e digitais (Dugnani, 2018).…”