Este artigo se propõe a analisar, num dado recorte temporal (séculos XX e XXI), as construções perifrásticas de gerúndio marcadoras do aspecto imperfectivo cursivo no galego, especificamente as formadas pelos auxiliares estar e ficar. O objetivo deste estudo é comparar os resultados iniciais encontrados para o comportamento dessas construções no galego com os já atestados para o português quanto ao mesmo fenômeno. O trabalho segue a orientação dos modelos baseados no uso e da abordagem de construcionalização e mudança construcional de Traugott & Trousdale (2013). A análise é comparativa. O método correspondeu à coleta dos dados em dois bancos de textos do galego contemporâneo e à análise desses dados quanto a fatores analíticos que caracterizassem o contexto de ocorrência dessas construções, a saber: tipo semântico do verbo principal (V2), animacidade do sujeito e presença de material interveniente entre os elementos da perífrase (Verbo auxiliar (V1) e principal (V2)). Os resultados apontam para um perfil de uso das construções [estar +X-ndo] cursivo e [ficar +X-ndo]cursivo muito semelhante nas duas línguas em análise, ratificando, portanto, a hipótese sugerida para o fenômeno no português em Oliveira (2018) de que a construção formada por estar está mais avançada no processo de mudança construcional do que a constituída por ficar. Além disso, desse estudo comparativo, foi possível também traçar algumas particularidades desses dois idiomas no que se refere ao estudo em questão.