O Grupo Comunitário de Saúde Mental (GCSM) configura um programa de cuidado e de promoção de saúde mental, aberto à comunidade e alinhado aos princípios da Reforma Psiquiátrica, desenvolvido ao longo de mais de 23 anos, mediante a prática, a observação sistemática e a investigação científica. O objetivo deste estudo foi compreender o papel do coordenador nesta modalidade. O corpus da pesquisa foi constituído a partir de seis sessões grupais áudio gravadas e transcritas na íntegra. Foi delineado um percurso original de análise, em que todas as intervenções do coordenador foram descritas, analisadas e contextualizadas em relação ao momento e desenvolvimento da sessão grupal. Foram identificados eixos comuns às intervenções, que as caracterizam: ‘O enquadre no Grupo Comunitário de Saúde Mental’; ‘O olhar para o gesto humano nas contribuições’; e ‘A participação pessoal do coordenador’. A partir destes, observou-se que a forma de coordenar o GCSM guarda relação com a proposta da atividade e sua fundamentação teórica, filosófica e empírica, inspirada pela fenomenologia clássica. O enquadre, as intervenções e o posicionamento do coordenador favoreceram a constituição de um espaço de cuidado intersubjetivo, em perspectiva de horizontalidade, a partir da tarefa de reconhecer experiências cotidianas significativas ao percurso de amadurecimento da pessoa humana. Nesse sentido, este esta pesquisa aponta para a relevância do estudo aprofundado de aspectos das práticas grupais, como a coordenação, como forma de melhor descrevê-las e compreendê-las.