Neste artigo, comparamos as definições e exemplos de eufemismos apresentados em gramáticas normativas da língua portuguesa e a visão de linguistas acerca do emprego desse recurso. Nosso objetivo é verificar se os manuais acompanham os estudos realizados e que demonstram uma evolução do conceito e do funcionamento do eufemismo ao longo do tempo. Os resultados mostram que, nas gramáticas normativas, a técnica evita/substitui assume importância superior, a atenção concentra-se em uma definição generalista e na exemplificação do eufemismo. Entre os linguistas, o eufemismo tem uma função social, age nos diferentes campos da linguagem e, ao mesmo tempo que neutraliza termos-tabus, funciona em contextos de im(polidez), agressão verbal, linguagem politicamente correta. A despeito da riqueza das passagens citadas pelos gramáticos, não se observa qualquer aderência dos exemplos aos campos semânticos, aos processos formadores de eufemismos e às diferentes motivações no emprego dessa figura.