ResumoIntrodução: As altas taxas de abandono em psicoterapia e a lacuna na literatura sobre abandono de tratamento na psicoterapia de crianças justifi cam a realização de pesquisas com esse foco. A literatura aponta que algumas variáveis sociodemográfi cas e clínicas poderiam predizer o desfecho da psicoterapia. O presente estudo objetivou verifi car preditores de abandono de tratamento na psicoterapia psicanalítica de crianças na amostra pesquisada. Método: Trata-se de um estudo documental, retrospectivo, com os prontuários de duas instituições de atendimento psicológico a crianças em Porto Alegre. Resultados: Foram pesquisados prontuários de 2.106 crianças. Dessas, 200 tiveram alta e 793 abandonaram seus atendimentos. Os grupos foram comparados, e os resultados indicam que meninos apresentam mais risco de abandonar o tratamento; já crianças encaminhadas por neurologistas ou por psicólogos apresentam menos risco de abandono. Após o sexto mês de atendimento, o risco de abandono decai consideravelmente. Discussão: Os resultados são discutidos à luz da literatura sobre gênero, abandono de tratamento e crianças em psicoterapia. Algumas hipóteses são levantadas para as associações e não-associações encontradas neste estudo. Conclusões: Conhecer preditores de abandono em psicoterapia possibilita aos terapeutas identifi car precocemente pacientes pertencentes ao grupo de risco para abandono, oportunizando-lhes trabalhar preventivamente e mais diretamente aspectos de resistência e transferência negativa desses pacientes e seus familiares, principalmente nos primeiros 6 meses de tratamento. Criar técnicas de intervenção precoce com os pais de tais crianças e realizar tratamentos transdisciplinares também são saídas possíveis para evitar o abandono. Descritores: Abandono, psicoterapia psicanalítica, crianças.
AbstractIntroduction: The high rates of dropout in psychotherapy and the shortage of studies on treatment dropout in child psychotherapy are strong reasons for further research on this topic. The literature suggests that some sociodemographic and clinical variables could predict psychotherapy outcome. The objective of the present study was to identify predictors of treatment dropout in child psychotherapy. Methods: This is a retrospective study involving the analysis of medical records of two institutions that provide psychological care to children in Porto Alegre, RS, Brazil. Results: We analyzed the medical records of 2,106 children. Of these, 200 children were discharged from treatment and 793 dropped out. The two groups were compared, and the results suggest that boys have higher risk of dropping out, while children referred by neurologists or psychologists are at a lower risk of dropping out. After six months of treatment, the dropout risk is considerably reduced. Discussion: The results are discussed based on the literature on gender, treatment dropout and child psychotherapy. Some hypotheses were proposed to explain the associations and lack of associations found in the present study. Conclusions: Knowing pre...