ResumoIntrodução: A alta prevalência de interrupções nas fases iniciais do atendimento psicoterapêutico tem sido demonstrada em estudos nacionais e internacionais. Estudos com pacientes adultos têm demonstrado variáveis sociodemográficas e clínicas associadas à aderência/não aderência à psicoterapia, porém a literatura voltada a crianças é escassa. Objetivo: Examinar a associação entre variáveis sociodemográficas/clínicas e aderência/não aderência à psicoterapia psicanalítica de crianças. Método: Trata-se de estudo documental, retrospectivo, realizado a partir dos prontuários de todas as crianças atendidas em duas instituições de atendimento psicológico em Porto Alegre entre 1979 e 2007. Resultados: Foram analisados 2.106 prontuários, sendo que 1.083 compuseram a amostra final da presente investigação. Destas, 21,5% não aderiram ao tratamento. A variável fonte de encaminhamento mostrou-se associada ao desfecho, demonstrando que o encaminhamento à psicoterapia por psiquiatras é um fator protetor à não aderência ao tratamento, enquanto que o encaminhamento pela família é um fator de risco para a não aderência. Conclusão: Conhecer o perfil das crianças que não aderem à psicoterapia possibilita aos terapeutas o estabelecimento de técnicas de intervenção em fases iniciais do tratamento, a fim de facilitar a adesão da família à psicoterapia da criança. Abandono e não aderência à psicoterapia devem ser entendidos por clínicos e pesquisadores como fenômenos distintos, tendo em vista que apresentam preditores diferentes. Descritores: Psicoterapia, criança, pacientes desistentes do tratamento, recusa do paciente ao tratamento, suspensão de tratamento.
AbstractIntroduction: The high prevalence of interruptions in the early stages of psychotherapeutic treatment has been shown in national and international studies. Studies conducted with adults have demonstrated association between social, demographic, and clinical characteristics and adherence/nonadherence to psychotherapy; however, literature focused on children is scarce. Objective: To assess associations between social, demographic, and clinical variables and adherence/non-adherence to treatment in child psychoanalytic psychotherapy. Method: This is a retrospective study based on the analysis of medical records of all children who received treatment at two psychological clinics in Porto Alegre, southern Brazil, between 1979 and 2007. Results: A total of 2,106 records were analyzed, and 1,083 children were included in the final sample. Of these, 21.5% did not adhere to treatment. The variable referral source was associated with the outcome, i.e., referral to psychotherapy by psychiatrists was a protective factor to non-adherence to treatment, whereas referral by the family was a risk factor for non-adherence. Conclusion: Knowing the profile of children who do not adhere to psychotherapy enables therapists to establish intervention techniques in the early stages of treatment, so as to facilitate family adherence to child psychotherapy. Because dropout and non-adherence to ...