Hemofilia sem diagnóstico prévio: um desafio na cirurgia pós‑trauma

Abstract

A hemofilia A leve é uma discrasia sanguínea hereditária rara que normalmente não se manifesta com sangramentos, a menos que haja traumas ou procedimentos cirúrgicos. O diagnóstico prévio, tanto no pré como no pós-operatório, é um obstáculo a ser vencido. Trata-se de um paciente hemofílico A sem diagnóstico prévio, vítima de acidente motociclístico, com formação de hematoma retroperitoneal e submetido a uma laparotomia exploradora, evoluindo com hemorragias persistentes. Foi submetido a atos cirúrgicos até o estabelecimento do diagnóstico e estabilização do quadro após reposição do fator VIII.

Hematoma De Músculo Psoas Em Paciente Portador De Hemofilia a Vítima De Trauma Abdominal Fechado: Relato De Caso

“…Durante o pós-operatório, o paciente fez uso de sonda nasogástrica por um dia e sonda vesical de demora por três dias. Apresentou boa evolução laboratorial, avaliado no dia 21/08/2023, com melhora de quadro anêmico (Hb: 13 g/dL), normalização da leucocitose (10100/mm³), aumento das plaquetas (299 mil/mm³), normalização da creatinina (0,4 mg/dL), ainda mantinha elevação de PCR (8,10 mg/dL), tempo de protrombina normal (13,9 segundos) e tempo de tromboplastina parcial prolongado (45,2 segundos). Manteve evolução clínica também favorável, sem sinais de infecção, novos sangramentos ou roturas espontâneas.…”

“…Por sua vez, o tratamento cirúrgico é indicado nos casos de trauma abdominal fechado em pacientes com hemofilia que apresentam instabilidade hemodinâmica persistente, sinais de peritonite, suspeita de lesão de órgãos ocas ou falha do tratamento conservador (Castro Júnior et al, 2019;He;Feng, 2017). Consiste na exploração da cavidade abdominal por meio de laparotomia ou laparoscopia, na identificação e no controle das fontes de sangramento e na correção das lesões de órgãos ou vasos Mistry et al, 2017).…”

“…Os hematomas musculares podem comprimir os nervos e os vasos sanguíneos, causando síndromes compartimentais que requerem tratamento cirúrgico urgente. Os sangramentos em locais críticos podem causar sequelas neurológicas, insuficiência renal ou choque hipovolêmico (Cavalcante et al, 2020;Castro Júnior et al, 2019).…”