Caranguejos são abundantes no Pantanal e apresentam papel fundamental na cadeia trófica, pois fazem parte da dieta de mamíferos, aves, répteis e anfíbios dos ecossistemas pantaneiros. São encontrados, aproximadamente, 0.63 indivíduos/m² desses organismos no Pantanal, distribuídos em 6 espécies, entre elas, Dilocarcinus pagei (Stimpson, 1861) e Trichodactylus petropolitanus (Göldi, 1886). Esta pesquisa investigou a riqueza, abundância, morfologia e hábitos alimentares de caranguejos no Pantanal de Cáceres, sob influência urbana e área remota. As amostragens foram realizadas na Estação Ecológica de Taiamã (168 km de Cáceres) e no Rio Paraguai incorporado à paisagem da cidade de Cáceres - MT. As coletas foram feitas em bancos de macrófitas aquáticas usando tela de nylon de 2 m de comprimento x 1 m de largura. Ao todo, foram coletados 256 caranguejos sendo 226 pertencentes a espécie D. pagei e 20 da espécie T. petropolitanus. As duas espécies foram encontradas associadas às macrófitas Eichhornia crassipes e Eichhornia azurea, que formam bancos densos de plantas funcionando como locais de refúgio para os caranguejos em termos de abrigo, alimento e segurança contra predadores. Os organismos amostrados tiveram preferência, em sua base alimentar, por matéria orgânica, talo e raiz de macrófita. Adicionalmente, microplásticos e outros materiais particulados não identificados foram constatados no conteúdo alimentar, indicando prejuízo na dieta e na morfofisiologia dos caranguejos. Os nossos achados contribuem para elucidar a dieta de caranguejos no Pantanal e projetar os efeitos de poluentes, como os microplásticos, sobre esses organismos e na cadeia trófica aquática, podendo atingir a saúde humana.