O trabalho após a aposentadoria é tema de interesse na literatura científica, com destaque dos benefícios da atividade laboral sobre a saúde e o bem-estar de aposentados. Neste estudo, pretendemos agregar alguns elementos que devem ser levados em consideração nessa discussão, com o objetivo de trazer à tona o debate sobre trabalho após a aposentadoria, ressaltando os efeitos das desigualdades de gênero sobre a reinserção no mercado de trabalho. Essas desigualdades estão presentes durante todo o curso de vida, manifestando-se, de modo particular, no mundo do trabalho. A trajetória no trabalho distingue-se claramente para os homens e para as mulheres. Com frequência, as mulheres se inserem em empregos parciais e interrompem suas atividades no mercado de trabalho, dividindo-se entre a vida doméstica e a vida laboral, o que interfere na construção de sua carreira. Com o envelhecimento, as desigualdades de gênero no trabalho se manifestam mais acirradas, com repercussão no tipo de aposentadoria e na reinserção no mercado de trabalho, sendo geralmente mais precária entre as mulheres. Este ensaio pretende chamar a atenção para a necessidade de proteção para grupos de trabalhadores e de trabalhadoras que envelhecem e querem ou precisam voltar a trabalhar, visando ao bem-estar e à saúde dessa população.