Este artigo discute duas experiências de ensino de antropologia conduzidas em universidades públicas durante o regime remoto emergencial em 2020, instalado devido às restrições sanitárias impostas pela pandemia de Covid-19. Um desses experimentos resultou em uma playlist musical construída coletivamente entre discentes e o outro em um podcast, cujos episódios reúnem falas de antropólogas(os) convidadas(os) a contribuir ao longo de uma disciplina. Ambas as vivências estão situadas em um contexto laboral específico, que é o de docência temporária da autora, a partir do qual são analisadas de uma perspectiva antropológica. O texto busca argumentar sobre a importância de se incluir, no debate acerca de uma universidade de atuação decolonial, os dois elementos protagonistas da reflexão apresentada: o som, como meio de conhecimento historicamente deslegitimado em seu potencial no Ocidente; assim como a dimensão do trabalho docente, cujas condições de exercício profissional aprofundam sua precarização durante a pandemia, vivida sob um governo de extrema direita no Brasil, no âmbito de um processo de expansão de governanças neoliberais em escala global.