O comportamento da linha de costa é um indicativo das tendências à que o sistema costeiro está submetido, pois é a interface de contato da transição continente-oceano. Neste sentido, a Restinga da Marambaia e os arcos praiais Macumba/Recreio-Barra da Tijuca (SE do Brasil) foram avaliados quanto à resposta da linha de costa às forçantes meteo-oceanográficas nas escalas temporais de longo e médio prazo, bem como foram mapeados seus graus de vulnerabilidade. Na escala de longo prazo (1986-2018), foram utilizadas imagens de satélite Landsat, dados de reanálise de ondas do modelo WaveWatch3, registros meteorológicos e medições do nível médio do mar. Na escala de médio prazo (2016-2018), foram levantados onze perfis topográficos, com coleta de amostras de sedimentos, nas praias Macumba/Recreio-Barra, além da análise dos registros de boias oceanográficas em águas profundas e rasas. Por fim, estas informações permitiram elaborar um Índice de Vulnerabilidade Costeira à erosão e inundação. De modo geral, 18% da linha de costa encontra-se sob erosão, 52% encontra-se estável e 30% está avançando. No período analisado, foram
contabilizados cerca de 400 eventos de tempestade, que durante os anos de La Niña foram mais energéticos e culminaram em uma erosão mais severa. O nível do mar na região apresenta tendência de aumento (1,93 mm/ano). O reflexo destes resultados, somado aos graus de ocupação urbana nas praias estudadas, exibem baixa vulnerabilidade no setor oeste da Marambaia, enquanto que os setores central e extremo leste configuram-se como altamente vulneráveis. Na Macumba o setor oeste exibe baixa vulnerabilidade, em contraste com o setor leste que é muito vulnerável. No arco Recreio-Barra nota-se o aumento da vulnerabilidade de oeste para leste. Estes resultados indicam que a influência antrópica tem um papel importante em áreas que são naturalmente propensas à alta vulnerabilidade, exigindo uma maior compreensão das condições naturais associadas às intervenções antrópicas.