Resumo Este artigo trata das relações de parentesco tecidas por mulheres nas atividades cotidianas de mariscagem (coleta/captura de mariscos e crustáceos). O foco central da análise é a produção de parentes entre as casas e a maré, mediante as trocas cotidianas e ancestrais de um saber-fazer: a mariscagem. Com base na etnografia realizada entre as marisqueiras da ilha de Matarandiba (BA), procurou-se entender em que medida a maré, no seu sentido temporal, espacial e biossocial, pode compor a conjunção casa/corpo. Analisa-se como as relações de parentesco são tecidas a partir de uma circulação que acontece entre a casa e a maré por meio do ritmo da mariscagem. Propõe-se uma narrativa baseada na trajetória das comadres marisqueiras, focando principalmente nas relações afetivas enraizadas por elas no mangue.