Este texto reflete sobre parentesco a partir de elementos indígenas do Nordeste brasileiro, suas relações pragmáticas e metafóricas com outros estratos do ambiente habitado, onde convivem humanos, mais-que-humanos (os entes encantados) e onde ações cosmopolíticas se realizam. Pela ampliação da categoria antropológica, em que instâncias não-humanas estabelecem relações de significação nos sistemas de parentesco, exploramos dois casos indígenas: os processos de fazer parentes e dar continuidade ao grupo étnico Tremembé (CE), na relação com o ritual do torém e com o mocororó, bebida preparada do caju; e a metaforização étnica e cosmopolítica de cacique Xikão do povo Xukuru do Ororubá (PE), assassinado em 1998 e plantado para que desse nascessem novos guerreiros. No limite, estes casos contribuem para entendermos modos de existência sócio-cosmológicas e interespecíficas, experiências de territorialidades, dando-nos elementos indígenas para pensarmos modos de vida alternativos em um período de crise ambiental profunda.